Antônio Carlos Sobral Sousa*
A Covid-19 está expondo, claramente, as desigualdades e
disparidades estruturais que contribuem para a doença, à semelhança de tantas
outras mazelas transmissíveis ou não, que produzem impacto, demasiadamente desproporcional,
aos menos favorecidos. Sabe-se que algumas pessoas (menos de 20% dos
infectados) evoluem para uma fase mais grave da doença, enquanto outras se
recuperam rapidamente.
Tem sido especulado que o estado imunitário bom seria um
passaporte para a evolução favorável. O que fazer para aumentar a imunidade?
Muita gente tem utilizado, indiscriminadamente, vermífugos, antibióticos e
vitaminas, com a esperança de que o milagre do incremento imunitário aconteça.
A prática regular de atividade física, mesmo em ambiente
domiciliar, fomenta a resposta imune e melhora a resistência do corpo. Além
disso, o exercício físico constitui aliado importante na prevenção da ansiedade
e da depressão, comorbidades comuns nos tempos difíceis de pandemia e que,
sabidamente, promovem queda de imunidade.
Manter hidratação adequada e alimentação saudável são
fatores importantes na produção de anticorpos. Recomenda-se ingerir, pelo
menos, dois litros de água, diariamente. A dieta deve conter quantidade
adequada de proteínas e ser rica em frutas, legumes e especiarias coloridos.
Esses nutrientes também protegem contra os radicais
livres, moléculas que podem prejudicar as células. Por outro lado, deve-se
evitar o açúcar, os doces, o excesso de amido, as guloseimas, as massas, as
frituras, os produtos industrializados e o álcool, sobretudo se consumido
excessivamente.
O fumo deve ser abolido porque, além de piorar as
infecções pulmonares bacterianas e virais, os produtos químicos liberados pela
fumaça do cigarro, podem interferir na função das células imunológicas.
O sono de boa qualidade, também, é de grande utilidade na
produção de elementos essenciais do sistema imune. Recomenda-se manter o hábito
de dormir e acordar cedo, procurando desenvolver atividades que preencham o dia.
Indivíduos saudáveis, com insônia, são mais suscetíveis à gripe, mesmo após
serem vacinados.
Finalmente, controlar o estresse, porque o hormônio
cortisol, liberado em tais situações, bloqueia o sistema imunológico. Este
intento pode ser conseguido mediante brincadeiras, bate-papo descontraído,
leitura agradável e prática de exercício. Evitar o envenenamento mental causado
por notícias sensacionalistas que nos chegam a toda hora é, também, uma forma
inteligente de se combater o estresse.
* Professor Titular da UFS e Membro das Academias Sergipanas de Medicina, de Letras e de Educação.
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