terça-feira, 13 de outubro de 2020

AINDA NÃO ACABOU!!!


  

 

Antônio Carlos Sobral Sousa*

 

 

É nítida a euforia de muitos segmentos da população, com a queda no número de mortes e de internações por Covid-19, em muitas localidades brasileiras. As medidas de flexibilização, adotas por vários governantes, têm sido interpretadas, por muitos cidadãos, como o fim da Pandemia. Nota-se a crescente aglomeração de frequentadores de locais públicos, sem que sejam atendidas, rigorosamente, as preconizadas regras de segurança.

Será que o pesadelo acabou? Teria sido atingida a tão propagada imunidade coletiva? Para os não familiarizados com esse termo epidemiológico, esse fenômeno, também chamado de imunidade de rebanho, acontece quando muitas pessoas já estão imunes contra uma infecção e, com isso, dificultam a ampla transmissão de um vírus. Ou seja, a quantidade de indivíduos protegidos, contra um determinado agente infeccioso é tão grande, que ele não consegue encontrar hospedeiros ainda suscetíveis, causando, portanto, queda considerável de sua circulação.

Tal imunidade pode ser conseguida tanto por meio de programas efetivos de vacinação, como mediante a contaminação direta da população, nesta última condição, pagando-se o preço da morbimortalidade da doença. Por obra da imunidade de rebanho, mesmo quem não está vacinado ou que não contraiu a enfermidade, fica protegido do patógeno causador da doença.

No caso da Covid-19, existem divergências quanto ao patamar de infectados de uma determinada comunidade para que isto aconteça. Inicialmente, acreditava-se que seria algo em torno de 60% a 70% da população. Todavia, pesquisa recente indica que seria possível alcançar uma imunidade coletiva com menos de 20% da população infectada.

Vale ressaltar, que a almejada vacina, específica contra o SARS-CoV-2, talvez só esteja disponível para o uso populacional no próximo ano e que o grau de letalidade do vírus continua importante, matando, em média, uma pessoa em cada 200 infectados. Recentemente, a Organização Mundial da Saúde (OMS) emitiu alerta, diante do aumento do número de casos da covid-19 e de internações pela doença, notadamente na Espanha, França e algumas regiões dos Estados Unidos.

Até o presidente Trump foi, recentemente, acometido pela virose, requerendo, inclusive, internamento hospitalar. Embora a maioria dos serviços médicos estejam mais preparados para o atendimento dos acometidos, adotando condutas que realmente funcionam, baseadas em evidências científicas e não em “Eu vi dência” (vi no WhatsApp, no Instagram etc.), o receio de novo colapso do sistema de saúde, volta a atormentar os gestores da área. Neste sentido, é importante que os governantes reforcem as suas ações e que a sociedade repense as suas prioridades.

Portanto, como o vírus é transmitido diretamente, por gotículas de saliva emitidas nas proximidades dos olhos, nariz ou boca de uma pessoa suscetível ou, indiretamente, mediante o contato com superfícies contaminadas, devemos focar nas três medidas que, comprovadamente, funcionam: manter o distanciamento social de aproximadamente 2m; higienizar, frequentemente, as mãos com água e sabão ou, com álcool em gel, nos deslocamentos e, cobrir o nariz e a boca com máscara. Se quiser aumentar o grau de segurança, podem ser utilizados, também, os óculos de proteção e o face shield.

 

 

*Professor Titular da UFS e membro das Academias Sergipanas de Medicina, de Letras e de Educação.

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