Antônio Carlos Sobral Sousa*
O
Ano Novo chegou, trazendo para a humanidade a esperança de dias melhores.
Afinal, algumas vacinas começaram a ser administradas, de forma emergencial, em
vários países. Como já é de conhecimento geral, a maneira mais segura de conter
a circulação de um vírus acontece quando se atinge a imunidade coletiva ou de
rebanho, decorrente da imunização de percentual significativo da população. A
maneira mais rápida e eficaz para se atingir a este objetivo é mediante a
vacinação em massa da população.
Recentemente,
a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, ANVISA, aprovou, também, a
utilização emergencial das vacinas CoronaVac (Sinovac/Butantan) e Covishield (Serum
Institute of India,/AstraZeneca/Universidade de Oxford/Fiocruz), sendo que a
última ainda não está disponível em nosso meio, devido a entraves burocráticos.
Finalmente,
na semana passada, cidadãos de todos os estados brasileiros, pertencentes aos
grupos prioritários, passaram a receber, com indisfarçável alegria, a 1ª dose
da vacina chinesa. Todavia, devido a produção limitada do imunizante, o número
de privilegiados, nesta etapa, será desprezível.
A
geração de mais unidades, depende da importação de insumos que ainda não
deixaram o território chinês. Enquanto isso, o poderoso SARS-Cov-2, não para de se propagar em todas as regiões do país,
deixando pacientes e familiares angustiados com a sua agressividade.
Não
bastasse esse descaso, as vacinas disponíveis requerem mais de uma dose,
implicando na quantidade dobrada de seringas e agulhas, bem como um número
considerável de profissionais para executar a referida missão.
Como
era esperado, foram registradas, em todas as regiões do país, comemorações
alusivas ao Natal e à virada do ano, eivadas de desrespeito às regras básicas
de distanciamento social, de higiene das mãos e de uso de máscara. Este último
importante acessório, quando, eventualmente, flagrado, geralmente adornava o
queixo ou a testa do descuidado usuário. Como analogia, seria o caso do
motorista que, na tentativa de enganar o guarda de trânsito, trespassa pelo
ombro e tórax o cinto de segurança, mas não fixa a extremidade no local
adequado.
Muitas
festas só foram interrompidas mediante ação policial e foi possível ouvir, em
reportagem veiculada pela televisão, o deboche que alguns participantes faziam
da Pandemia. O mais assustador é que já foi detectado, em nosso meio, cepa do
Coronavírus com uma capacidade de transmissão maior do que a anterior.
Isto
porque a mutação sofrida por este nefasto agente infeccioso o tornou mais
eficiente no processo de invasão das células do hospedeiro. Portanto, a segunda
onda, que ora vivenciamos, pode ser mais “sufocante” do que a primeira.
O
evidente aumento do número de infectados, demandando internamentos hospitalares,
acontece em uma época desfavorável face às desativações, tanto dos hospitais de
campanha, como dos esquemas de enfrentamento da virose, da maioria das
instituições hospitalares públicas e privadas. Além disso, férias de fim de ano
e infecção de profissionais podem comprometer as escalas de plantão.
Finalizo,
ressaltando que o cidadão precisa se respeitar para poder exigir de seus
governantes o merecido respeito.
* Prof. Titular da Universidade Federal de Sergipe - UFS e membro das Academias Sergipanas de Medicina, de Letras e de Educação.
Nenhum comentário:
Postar um comentário