segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021

A VACINA E O QUEIJO SUIÇO


  

 

Antônio Carlos Sobral Sousa*

 

 

A Suíça se destaca, também, pela variada produção de deliciosos queijos, sendo o Emmental, aquele cheio de furinhos (olhadura) e massa semidura, o mais conhecido no Brasil. Seu nome deriva do local onde começou a ser fabricado, desde o Século XIII, no vale de Emme, na região de Berna.

Vale ressaltar que tais buracos são gerados por bactérias específicas, responsáveis pela formação do ácido láctico. Durante esse processo, algumas delas consomem o referido ácido, liberando dióxido de carbono, que formam bolhas dentro do queijo, configurando, assim, a sua famosa característica.

Afinal, qual é a relação entre essa iguaria e a vacina contra a Covid-19 que continua assolando, impiedosamente, todo o território nacional, causando estragos na economia e ceifando vidas preciosas? Na verdade, trata-se de uma metáfora que visa a reforçar a importância de se utilizar múltiplas proteções para dificultar a propagação do SARS-CoV-2, vírus altamente contagioso, sobretudo as novas cepas.

Nenhuma camada, por si só, é 100% segura, contendo, portanto, imperfeições, representadas pelos orifícios. Quando eles se alinham, aumenta o risco de contaminação. Contudo, a sobreposição de várias camadas: distanciamento social; uso adequado de máscaras; higienizar as mãos; etiqueta ao tossir ou espirrar; evitar aglomerações; preferir locais ventilados; isolamento e quarentena para os infectados e contactantes, respectivamente, e, sobretudo a vacinação, criam uma barreira praticamente impenetrável.

A engenhosa metáfora acima descrita, foi adaptada pelo Professor Ian Mackay, da Universidade de Queensland, Austrália. Vale ressaltar que o sucesso do modelo depende do rigor da adoção de cada conduta, como ressalta o profissional, “Cada fatia tem orifícios ou falhas, e esses orifícios podem mudar em número, tamanho e localização, dependendo de como nos comportamos em resposta a cada intervenção”.

As máscaras servem como um bom exemplo de camada. Elas reduzem o risco de o indivíduo contaminar ou de ser contaminado, todavia a sua eficácia na proteção se reduz ou desaparece se não cobrir, adequadamente nariz e boca, se estiver no queixo, se não for trocada periodicamente, se não for lavada, se não for descartada corretamente, se as mãos não forem higienizadas ao tocá-las. Cada uma destas falhas constitui um buraco, em uma única camada.

Por enquanto, com a vacinação avançando timidamente, devemos continuar usando o maior número de camadas de proteção possíveis, para evitar o alinhamento de orifícios, permitindo, assim, a passagem do arisco vírus.

Finalmente, recomendo que, nas ocasiões festivas, degustemos o queijo suíço em família, sem aglomerações, com a esperança de que, no próximo ano, possamos confraternizar, também, com parentes e amigos.

 

 

* Prof. Titular da UFS e Membro das Academias Sergipanas de Medicina, de Letras e de Educação.

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