Antônio Carlos Sobral Sousa*
A
Suíça se destaca, também, pela variada produção de deliciosos queijos, sendo o
Emmental, aquele cheio de furinhos (olhadura) e massa semidura, o mais
conhecido no Brasil. Seu nome deriva do local onde começou a ser fabricado,
desde o Século XIII, no vale de Emme, na região de Berna.
Vale
ressaltar que tais buracos são gerados por bactérias específicas, responsáveis
pela formação do ácido láctico. Durante esse processo, algumas delas consomem o
referido ácido, liberando dióxido de carbono, que formam bolhas dentro do
queijo, configurando, assim, a sua famosa característica.
Afinal,
qual é a relação entre essa iguaria e a vacina contra a Covid-19 que continua
assolando, impiedosamente, todo o território nacional, causando estragos na
economia e ceifando vidas preciosas? Na verdade, trata-se de uma metáfora que
visa a reforçar a importância de se utilizar múltiplas proteções para
dificultar a propagação do SARS-CoV-2, vírus altamente contagioso, sobretudo as
novas cepas.
Nenhuma
camada, por si só, é 100% segura, contendo, portanto, imperfeições,
representadas pelos orifícios. Quando eles se alinham, aumenta o risco de
contaminação. Contudo, a sobreposição de várias camadas: distanciamento social;
uso adequado de máscaras; higienizar as mãos; etiqueta ao tossir ou espirrar;
evitar aglomerações; preferir locais ventilados; isolamento e quarentena para
os infectados e contactantes, respectivamente, e, sobretudo a vacinação, criam
uma barreira praticamente impenetrável.
A
engenhosa metáfora acima descrita, foi adaptada pelo Professor Ian Mackay, da
Universidade de Queensland, Austrália. Vale ressaltar que o sucesso do modelo
depende do rigor da adoção de cada conduta, como ressalta o profissional, “Cada
fatia tem orifícios ou falhas, e esses orifícios podem mudar em número, tamanho
e localização, dependendo de como nos comportamos em resposta a cada intervenção”.
As
máscaras servem como um bom exemplo de camada. Elas reduzem o risco de o
indivíduo contaminar ou de ser contaminado, todavia a sua eficácia na proteção
se reduz ou desaparece se não cobrir, adequadamente nariz e boca, se estiver no
queixo, se não for trocada periodicamente, se não for lavada, se não for
descartada corretamente, se as mãos não forem higienizadas ao tocá-las. Cada
uma destas falhas constitui um buraco, em uma única camada.
Por
enquanto, com a vacinação avançando timidamente, devemos continuar usando o
maior número de camadas de proteção possíveis, para evitar o alinhamento de
orifícios, permitindo, assim, a passagem do arisco vírus.
Finalmente,
recomendo que, nas ocasiões festivas, degustemos o queijo suíço em família, sem
aglomerações, com a esperança de que, no próximo ano, possamos confraternizar,
também, com parentes e amigos.
* Prof. Titular da UFS e Membro das Academias Sergipanas de Medicina, de Letras e de Educação.
Nenhum comentário:
Postar um comentário