Antônio Carlos Sobral Sousa*
Praticamente
todo o País foi inundado pela nefasta segunda onda da Covid-19, provocando afogamento
do sistema de saúde na maioria das cidades e dizimando vidas preciosas, em um
crescente sem precedentes. O surgimento da variante brasileira do Sars-cov-2, conhecida como P1, muito
mais eficaz na sua transmissão, aliada ao moroso programa de vacinação,
chancelado pelo governo federal e, ainda, à não adesão das medidas efetivas de
segurança, por parcela significativa da nossa população, provavelmente
justifiquem a situação calamitosa que vivenciamos.
Absurdo
é, também, depois de tantas conquistas no campo das ciências, depois da
implementação de inúmeros procedimentos de diagnóstico e de tratamento das mais
diversas patologias e depois de tantos medicamentos, eficazes, no tratamento e
na prevenção de várias patologias, ver-se ferido e menosprezado o paradigma da
Medicina que é o de “escolher o melhor caminho”, embasado cientificamente,
considerando-se as particularidades clínicas, as preferências do enfermo e as
disponibilidades do local. Neste sentido, alguns, insensatamente, propagam a
utilização, não comprovada cientificamente, de tratamento precoce da Covid-19,
baseado em Cloroquina, Ivermectina, Azitromicina e complexos vitamínicos.
O
momento em que vivemos está a exigir de nossos dirigentes esforço conjugado,
vontade resoluta, mentalidade sadia, espírito forte e audacioso para vencer
este inimigo versátil e traiçoeiro, que ora nos aflige, sem ódios e paixões,
embasados nos princípios democráticos, cujas raízes históricas foram plantadas
nos mais recuados tempos da civilização helênica, sobrevivendo às transmutações
dos séculos.
E
o determinismo histórico, por força do seu capricho invencível, delegou-nos, a
nós, sergipanos, o privilégio de contarmos com a presença feminina na direção
de peças-chave da saúde pública de nosso Estado: Mércia Feitosa (secretária de Saúde do
Estado); Waneska Barbosa (secretária de Saúde de Aracaju); Márcia Guimarães
(diretora do Hospital de Cirurgia, um dos maiores do nosso estado) e Ângela
Silva (superintendente do Hospital Universitário-UFS).
Ressalte-se,
ainda, que, atualmente, a professora Valéria Barreto vem conduzindo, com
galhardia, o maior Departamento da UFS, o de Medicina. Estas abnegadas e
diligentes profissionais de saúde, além dos encargos inerentes à condição de
mulher, problemas outros, que transcendem os limites do interesse individual,
têm exigido delas o máximo de coragem e desprendimento, num verdadeiro desafio
aos sentimentos cívicos. As suas missões têm sido, deveras, espinhosas.
O
Brasil de agora, reclama por um sistema de saúde igualitário, que não deixe
desamparada quase 80% da população, que não têm acesso à eficiente medicina
privada. Glória, pois, àqueles intimoratos profissionais que, num rasgo de
sublime inspiração, dedicam-se, também, ao atendimento dos dependentes do SUS,
convocados que foram, na resplandescência do seu fascínio para o nobre
trabalho.
Neste
momento difícil, tributo as mais sinceras homenagens às Mulheres, sobretudo às
que estão na linha de frente da batalha insana contra o poderoso novo
coronavírus. A Sociedade está a dever-lhe a admiração, o reconhecimento e a
mais sincera gratidão. Seja-me também permitido, cumprimentar Dorinha,
Nathália, Gisela e Maria, a quem devo os cânticos e as palmas do meu viver!
Salve o Dia Internacional da Mulher!
* Prof. Titular da UFS e
Membro das Academias Sergipanas de Medicina, de Letras e de Educação.
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