Antônio
Carlos Sobral Sousa*
Nos
tempos atuais de Pandemia, é comum se dizer, equivocadamente, que o médico
“Deve seguir a Ciência”! Embora pareça correta, esta
expressão não traduz, verdadeiramente, a natureza do conhecimento científico.
Recentemente, Prof. Luís Cláudio, do Blog Medicina Baseada em Evidências se
valeu de uma engenhosa metáfora, para diferenciar, harmonicamente, ciência de
decisão médica.
Segundo ele, ciência não é uma luz a ser seguida na escuridão da
ignorância. Na verdade, a Ciência ilumina o nosso caminho para que possamos
tomar a melhor decisão, considerando fatores, nuanças e racionalidade. Assim,
as pesquisas científicas geram evidências ou fatos, que podem ser
probabilísticos. A qualidade destes fatos, por sua vez, deve ser analisada
mediante a clarividência da Ciência.
As descobertas e inovações, geradas por pesquisadores, resultam em
benefícios para a continuada melhoria de vida da humanidade. Todos os âmbitos e
esferas sociais têm progredido com o amparo da Ciência. Temos testemunhado os
nítidos benefícios que as vacinas têm proporcionado no enfrentamento à
Covid-19, fruto do intercâmbio de informações entre pesquisadores, sem
precedência na história da Medicina.
Ao exercitar o raciocínio clínico, o médico deve se basear nas
evidências científicas para tomar a decisão, considerando as características do
indivíduo, as consequências não intencionais da conduta e os valores e
preferências do paciente. Evidência diz respeito a fatos, enquanto a decisão
reflete a opinião do profissional.
Portanto, nestes tempos difíceis, é pueril a discussão polarizada
de fatos! Já dizia o confrade, da Academia Sergipana de Letras, João Alves
Filho: “Contra Fatos, Não Há Argumentos!” Devemos promover discussões
civilizadas e racionais das evidências, em prol do bem comum!
Finalizo, parafraseando o clínico, o professor, o educador, o pesquisador,
o historiador e o humanista canadense, com reconhecida atividade nos Estados
Unidos e na Inglaterra, Sir Wiliam Osler: “Medicina é uma Ciência de Incerteza e uma Arte
de Probabilidade”.
* Professor Titular da UFS e Membro das Academias Sergipanas de Medicina, de Letras e de Educação.
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