Antônio Carlos Sobral Sousa*
Apesar
de o avanço, significativo, da vacinação contra a Covid-19 no Brasil,
facilitado pela rica capilaridade, proporcionada pelo SUS, acredita-se que,
para conter o SARS-CoV-2, é
necessária cobertura vacinal superior a 80% da população. Todavia, estima-se
que parcela significativa de brasileiro não se vacinou ou não compareceu para
receber a segunda dose dos imunizantes que a requerem, graças as ações de
negacionistas que, ainda, insistem na disseminação de fake news, para satisfazerem os seus ideais políticos. Na tentativa
de coibir tais ações e com o intuito protetor, várias cidades têm exigido o
Passaporte da Vacina, ou seja, o comprovante de que o cidadão está
adequadamente vacinado, para que o mesmo tenha acesso a diversos locais
públicos como bares, restaurantes, shows etc.
Esta
atitude tem provocado reações de alguns, que defendem o argumento de que se
trata de ato antidemocrático que viola o direito individual de ir e vir. Este
assunto foi, recentemente, debatido no prestigiado periódico JAMA Health Forum (doi:
10.1001/jamahealthforum.2021. 3852); segundo o autor, embora o indivíduo adulto
tenha o direito de tomar as suas próprias decisões quanto ao cuidado da saúde,
ninguém tem o direito de expor outros a uma doença infecciosa potencialmente
séria.
Ainda
que o indivíduo vacinado possa contrair a enfermidade, o seu poder de
transmissão é, significativamente, inferior ao dos não vacinados. Vale lembrar
que, na sociedade, os seus integrantes são interconectados e a opção individual
pela não vacinação implica em risco, potencialmente evitável, para aqueles com
os quais haja interação.
Assim,
quanto mais abrangente for a vacinação, mais seguros serão os ambientes da
comunidade, sobretudo, se aliada às medidas comprovadamente efetivas de uso de
máscara, higiene das mãos e ventilação adequada.
Outro
ponto de destaque é a constatação de que, atualmente, a quase totalidade de
hospitalizados por essa temível virose, é formada pelos não vacinados, por
aqueles que não completaram a imunização e por idosos ou por imunodeprimidos.
Para estes últimos e para os demais, com mais de seis meses desde a última dose
da vacina, já está disponível a 3ª dose ou reforço do imunizante.
Portanto,
a vacina é um Passaporte para a Liberdade, propiciando um retorno mais seguro
às atividades comunitárias corriqueiras, que passaram a ter uma grande
importância, depois que as perdemos, por imposição do novo coronavírus. Termino,
parafraseando o icônico presidente estadunidense, George Washington sobre a
vacinação contra a varíola: “Nós devemos temer mais a varíola do que a espada
do inimigo”.
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