segunda-feira, 21 de novembro de 2022

COVID-19: UMA NOVA ONDA?


  

 

Antônio Carlos Sobral Sousa*

 

 

A pandemia da Covid-19, protagonizada pelo ardiloso SARS-Cov-2, tem abalado o nosso país por sucessivas “ondas” que se assemelharam aos tsunamis em razão da devastação que causaram, sobretudo nas famílias dos quase 700.000 brasileiros que tiveram as suas vidas ceifadas pelo impiedoso vírus.

O fenômeno mundial de evolução da virose em uma sequência de ondas, provavelmente decorre da conjunção de alguns fatores, tais como: desigualdade no acesso às vacinas; hesitação vacinal influenciada por ações de negacionistas, que usam todos os recursos disponíveis para enaltecer efeitos indesejáveis dos imunizantes, embasados, sobretudo, em pseudociência; surgimento de variantes que, eventualmente, escapam dos anticorpos induzidos pelas vacinas; aglomerações registradas nas diversas comemorações (eleições e prévias  carnavalescas)  e, o evidente relaxamento das medidas sabidamente protetoras como o uso de máscaras, especialmente em ambientes fechados e a higienização das mãos.

O novo coronavírus vem evoluindo desde o início da pandemia, em decorrência de sucessivas mutações, originando linhagens descendentes, sendo a mais recente a BQ.1, uma sublinhagem da BA.5 da Ômicron, que apresenta mutações na proteína spike, existente na superfície do SARS-Cov-2 e que permite que ele se ligue e infecte as células do hospedeiro.

Esta característica torna a referida subvariante com maior potencial de escapar da proteção dos imunizantes, justifica o aumento substancial de casos da virose, registrados nos últimos dias. Todavia, a cobertura vacinal completa, incluindo as duas doses de reforço, tem assegurado proteção contra casos graves e morte.

Segundo Daniel Soranz, secretário de saúde do Rio de Janeiro, 92% dos pacientes recentemente internados na Cidade Maravilhosa não tomaram a dose de reforço ou não foram vacinados. Vale ressaltar que os sintomas continuam sem mudanças significativas, com a maioria dos pacientes apresentando dor de cabeça e na garganta, tosse, febre, cansaço, além de perda do olfato e do paladar.

Várias entidades, entre as quais, a Sociedade Brasileira de Infectologia e a Secretaria de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde emitiram, recentemente, notas técnicas alertando para a necessidade de se incrementar as taxas de vacinação, sobretudo as doses de reforço.

Estima-se que, aproximadamente 69 milhões de brasileiros ainda não tomaram a primeira dose de reforço. Os referidos órgãos recomendam, ainda o retorno na utilização de máscaras de proteção e higienização das mãos com água e sabão e/ou álcool 70%, principalmente para aqueles com risco de complicação da doença, em especial os imunossuprimidos, os idosos, as gestantes e os portadores de comorbidades.

Estas condutas são aconselhadas, também, para quem teve contato com infectados e para indivíduos que estejam em situações com alto risco de contaminação, como em serviços de saúde, locais fechados e com aglomeração. Estas medidas cautelares visam evitar que o cenário atual de alta nos casos de Covid-19 possa evoluir para incremento de internações, superlotação dos hospitais e mais mortes no futuro.

Portanto, a Pandemia ainda não acabou e o vírus tem que ser respeitado! Finalizo, citando Mahatma Gandhi: “Você nunca sabe que resultados virão da sua ação. Mas se você não fizer nada, não existirão resultados”.

 

 

* Professor Titular da UFS e Membro das Academias Sergipanas de Medicina, de Letras e de Educação.

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