Antônio Carlos Sobral Sousa*
O
“tsunami” da COVID-19, por onde passa, tem afogado, implacavelmente, a economia
local. Esta constatação, aliada aos danos sociais imprevisíveis, causados pelas
estratégias extremas de distanciamento físico, tem favorecido, a adoção de
medidas de flexibilização do isolamento, por parte dos gestores de várias
cidades brasileiras.
Embora
tenha sido proposta abertura gradual da sociedade, temperando as condutas de
contenção e de mitigação do novo coronavírus, o receio de piorar a já caótica
situação tem atormentado, sobretudo, os dirigentes dos sistemas de saúde, tanto
público, como privado. Este receio não é infundado, visto que a população ainda
não adquiriu imunidade segura, quer seja pela doença, quer seja por vacinas,
ainda indisponíveis.
Segundo os
especialistas, o SARS-CoV-2 é
transmitido por gotículas de saliva emitidas nas proximidades (menos de 2m) dos
olhos, nariz e boca de uma pessoa suscetível ou pelo contato direto com superfícies
contaminadas e depois tocando nos olhos, nariz e boca. Acredita-se que,
aproximadamente, 90% das transmissões ocorrem, diretamente, de pessoa para
pessoa. Corroborando estas afirmações, evidências sugerem que os profissionais
de saúde, que usam, adequadamente, os equipamentos de proteção individual
(EPIs), notadamente, máscara, óculos e face
shield, raramente adquirem a virose
durante o atendimento a pacientes e que os mesmos se contaminam na comunidade
onde os EPIs normalmente não são usados.
Portanto,
além das medidas, já preconizadas, de higienização ostensiva e sistemática das
mãos, do distanciamento mínimo de dois metros entre pessoas, do uso comunitário
de máscaras, por que não incentivar, também, o uso do face shield, mesmo fora do ambiente
hospitalar? A barreira de plástico imposta por este escudo facial, além de
reduzir, drasticamente, a exposição viral, apresenta outras facilidades: não
requer material especial para a sua fabricação, podem ser reutilizados
indefinidamente e são facilmente limpos com água e sabão, ou desinfetantes
domésticos comuns. Eles, ainda, são confortáveis de usar e reduzem o potencial
de autoinoculação, impedindo que o usuário toque o rosto com a mão contaminada.
Até os
países ricos têm se mostrado despreparados no enfrentamento dessa pandemia. Para
minimizar as consequências éticas e econômicas, é importante avaliar e adotar, rapidamente,
um pacote de medidas que levem a transmissibilidade do vírus a níveis gerenciáveis.
A implementação de uso dos protetores faciais pode constituir intervenção
prática para se alcançar este intento.
*Professor Titular da UFS e Membro das Academias Sergipanas de
Medicina, de Letras e de Educação
Nenhum comentário:
Postar um comentário