Antônio Carlos Sobral Sousa*
Recentemente, em uma Live, o colega José Augusto Soares
Barreto-Filho se referiu ao novo coronavírus como “Prof. SARS-Cov-2”. Uma breve reflexão sobre este tema nos permite
constatar que a Covid-19 está iluminando, claramente, as desigualdades e
disparidades estruturais que contribuem para a doença, à semelhança de tantas
outras mazelas transmissíveis ou não, que produzem impacto, demasiadamente
desproporcional, aos menos favorecidos. Temos aprendido, também, que algumas
pessoas (menos de 20% dos infectados) evoluem para uma fase mais grave da
doença, enquanto outras se recuperam rapidamente, muitas das quais nem chegam a
apresentar sintomas típicos de virose.
Tem sido especulado que o estado
imunitário bom seria um passaporte para evolução favorável da Covid-19.
Partindo desse princípio, o que fazer para aumentar a imunidade em tempos de
Pandemia? Muita gente tem utilizado, indiscriminadamente, vermífugos,
antibióticos e vitaminas, com a esperança de que o milagre do incremento imunitário
aconteça, em detrimento de implementação de medidas simples e que,
comprovadamente, funcionam para esse intento.
Alguns estudos publicados, em
diferentes partes do mundo, têm chamando a atenção para a importância da
prática regular de atividade física, especialmente em intensidade e duração
moderadas, mesmo em ambiente domiciliar, para fomentar a resposta imune e
melhorar a resistência do corpo. Além disso, o exercício físico constitui
aliado importante na prevenção da ansiedade e da depressão, comorbidades comuns
nos tempos difíceis de pandemia e que, sabidamente, promovem queda de
imunidade.
Manter hidratação adequada e
alimentação saudável são fatores importantes na produção de anticorpos.
Recomenda-se ingerir, pelo menos, dois litros de água, diariamente, para se
manter saudável e em forma. A dieta deve conter quantidade adequada de
proteínas e ser rica em frutas, legumes e especiarias coloridos, tais como:
laranja, kiwi, morango, melancia, mamão, melão, pimentão verde, brócolis, cenoura,
folhas verdes, açafrão, manjericão, alho, cebola etc. Esses nutrientes também
protegem contra os radicais livres, moléculas que podem prejudicar as células.
Por outro lado, deve-se evitar o açúcar, os doces, o excesso de amido, as
guloseimas, as massas, as frituras, os produtos industrializados e o álcool,
sobretudo se consumido excessivamente.
O fumo deve ser abolido porque,
além de piorar as infecções pulmonares bacterianas e virais, os produtos
químicos liberados pela fumaça do cigarro - monóxido de carbono, nicotina,
óxidos de nitrogênio e cádmio - podem interferir na função das células
imunológicas.
Tem sido demonstrado, também, que
o sono de boa qualidade é de grande utilidade na produção de elementos
essenciais do sistema imune. Mesmo confinado, recomenda-se manter o hábito de
dormir e acordar cedo, procurando desenvolver atividades que preencham o dia.
Um estudo evidenciou que indivíduos saudáveis, com insônia, eram mais
suscetíveis à gripe, mesmo após serem vacinados.
Finalmente, controlar o estresse,
porque o hormônio cortisol, liberado em tais situações, quando mantido em
níveis elevados, bloqueia o sistema imunológico. Este intento pode ser
conseguido mediante brincadeiras, bate-papo descontraído, leitura agradável e
prática de exercício, conforme referido acima. Evitar o envenenamento mental
causado por notícias sensacionalistas que nos chegam a toda hora é, também, uma
forma inteligente de se combater o estresse.
* Professor
Titular da UFS e Membro das Academias Sergipanas de Medicina, de Letras e de
Educação.
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