segunda-feira, 27 de julho de 2020

COMO AUMENTAR A IMUNIDADE





Antônio Carlos Sobral Sousa*


Recentemente, em uma Live, o colega José Augusto Soares Barreto-Filho se referiu ao novo coronavírus como “Prof. SARS-Cov-2”. Uma breve reflexão sobre este tema nos permite constatar que a Covid-19 está iluminando, claramente, as desigualdades e disparidades estruturais que contribuem para a doença, à semelhança de tantas outras mazelas transmissíveis ou não, que produzem impacto, demasiadamente desproporcional, aos menos favorecidos. Temos aprendido, também, que algumas pessoas (menos de 20% dos infectados) evoluem para uma fase mais grave da doença, enquanto outras se recuperam rapidamente, muitas das quais nem chegam a apresentar sintomas típicos de virose.
Tem sido especulado que o estado imunitário bom seria um passaporte para evolução favorável da Covid-19. Partindo desse princípio, o que fazer para aumentar a imunidade em tempos de Pandemia? Muita gente tem utilizado, indiscriminadamente, vermífugos, antibióticos e vitaminas, com a esperança de que o milagre do incremento imunitário aconteça, em detrimento de implementação de medidas simples e que, comprovadamente, funcionam para esse intento.
Alguns estudos publicados, em diferentes partes do mundo, têm chamando a atenção para a importância da prática regular de atividade física, especialmente em intensidade e duração moderadas, mesmo em ambiente domiciliar, para fomentar a resposta imune e melhorar a resistência do corpo. Além disso, o exercício físico constitui aliado importante na prevenção da ansiedade e da depressão, comorbidades comuns nos tempos difíceis de pandemia e que, sabidamente, promovem queda de imunidade. 
Manter hidratação adequada e alimentação saudável são fatores importantes na produção de anticorpos. Recomenda-se ingerir, pelo menos, dois litros de água, diariamente, para se manter saudável e em forma. A dieta deve conter quantidade adequada de proteínas e ser rica em frutas, legumes e especiarias coloridos, tais como: laranja, kiwi, morango, melancia, mamão, melão, pimentão verde, brócolis, cenoura, folhas verdes, açafrão, manjericão, alho, cebola etc. Esses nutrientes também protegem contra os radicais livres, moléculas que podem prejudicar as células. Por outro lado, deve-se evitar o açúcar, os doces, o excesso de amido, as guloseimas, as massas, as frituras, os produtos industrializados e o álcool, sobretudo se consumido excessivamente.
O fumo deve ser abolido porque, além de piorar as infecções pulmonares bacterianas e virais, os produtos químicos liberados pela fumaça do cigarro - monóxido de carbono, nicotina, óxidos de nitrogênio e cádmio - podem interferir na função das células imunológicas.
Tem sido demonstrado, também, que o sono de boa qualidade é de grande utilidade na produção de elementos essenciais do sistema imune. Mesmo confinado, recomenda-se manter o hábito de dormir e acordar cedo, procurando desenvolver atividades que preencham o dia. Um estudo evidenciou que indivíduos saudáveis, com insônia, eram mais suscetíveis à gripe, mesmo após serem vacinados.
Finalmente, controlar o estresse, porque o hormônio cortisol, liberado em tais situações, quando mantido em níveis elevados, bloqueia o sistema imunológico. Este intento pode ser conseguido mediante brincadeiras, bate-papo descontraído, leitura agradável e prática de exercício, conforme referido acima. Evitar o envenenamento mental causado por notícias sensacionalistas que nos chegam a toda hora é, também, uma forma inteligente de se combater o estresse.


* Professor Titular da UFS e Membro das Academias Sergipanas de Medicina, de Letras e de Educação.

                              


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