quarta-feira, 16 de setembro de 2020

COMO AUMENTAR A PROTEÇÃO?


 

 

Antônio Carlos Sobral Sousa*

 

 

O “tsunami” da Covid-19, por onde passa, tem afogado, implacavelmente, a economia local. Esta constatação, aliada aos danos sociais imprevisíveis, causados pelas estratégias extremas de distanciamento físico, tem favorecido, a adoção de medidas de flexibilização do isolamento, por parte dos gestores de várias cidades brasileiras.

Embora tenha sido proposta abertura gradual da sociedade, temperando as condutas de contenção e de mitigação do novo coronavírus, o receio de piorar a já caótica situação tem atormentado, sobretudo, os dirigentes dos sistemas de saúde, tanto público, como privado. Este receio não é infundado, visto que a população ainda não adquiriu imunidade segura, quer seja pela doença, quer seja por vacinas, ainda indisponíveis.

Segundo os especialistas, o SARS-CoV-2 é transmitido por gotículas de saliva emitidas nas proximidades (menos de 2m) dos olhos, nariz e boca de uma pessoa suscetível ou pelo contato direto com superfícies contaminadas e depois tocando nos olhos, nariz e boca.

Acredita-se que, aproximadamente, 90% das transmissões ocorrem, diretamente, de pessoa para pessoa. Corroborando estas afirmações, evidências sugerem que os profissionais de saúde, que usam, adequadamente, os equipamentos de proteção individual (EPIs), notadamente, máscara, óculos e face shield, raramente adquirem a virose durante o atendimento a pacientes e que os mesmos se contaminam na comunidade onde os EPIs normalmente não são usados.

Portanto, além das medidas, já preconizadas, de higienização ostensiva e sistemática das mãos, do distanciamento mínimo de dois metros entre pessoas, do uso comunitário de máscaras, por que não incentivar, também, o uso do face shield, mesmo fora do ambiente hospitalar?

A barreira de plástico imposta por este escudo facial, além de reduzir, drasticamente, a exposição viral, apresenta outras facilidades: não requer material especial para a sua fabricação, podem ser reutilizados indefinidamente e são facilmente limpos com água e sabão, ou desinfetantes domésticos comuns. Eles, ainda, são confortáveis de usar e reduzem o potencial de autoinoculação, impedindo que o usuário toque o rosto com a mão contaminada.

 

 

* Professor Titular da UFS e Membro das Academias Sergipanas de Medicina, de Letras e de Educação.

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