Antônio Carlos Sobral Sousa*
Passadas
as eleições quando milhares de brasileiros exerceram o direito cidadão de
escolher, mediante votação livre, embora nem sempre esclarecida, os dirigentes
e os legítimos representantes do povo, de inúmeras cidades brasileiras. Em
várias delas, foi necessário um segundo turno, para que se conhecessem os seus
prefeitos.
Será
que as regras básicas de prevenção do novo coronavírus foram seguidas? Se
existem dúvidas quanto ao seu cumprimento nos locais de votação, as campanhas
de muitos candidatos e, sobretudo, as comemorações dos vitoriosos, nas urnas,
foram eivadas de desrespeito às regras básicas de distanciamento social,
higiene das mãos e uso de máscara. Este último importante acessório, quando,
eventualmente, flagrado, geralmente não estava adequadamente colocado.
Vale
ressaltar que, na nossa história republicana, foi a primeira vez que um
processo eleitoral desta representatividade ocorreu durante uma pandemia. O
mais assustador é que ainda estamos contabilizando o estrago causado pela
primeira onda da Covid-19, que ainda não se dissipou totalmente, e já se
visualiza, no outro lado do Atlântico e nos Estados Unidos, mais uma ameaçadora
onda, provocando novo lockdown em várias cidades importantes.
Seguramente,
em nosso meio, ainda não foi atingida a propagada imunidade coletiva ou de
rebanho, quando, a quantidade de pessoas contaminadas e curadas, impedem a
circulação de um determinado vírus, por falta de hospedeiro suscetível. Por
outro lado, apesar do hercúleo esforço desprendido pela indústria farmacêutica
muitas das quais, em parceria com universidades e outras instituições de saúde,
poucas vacinas contra o SARS-Cov-2 conseguiram finalizar a importante
fase três da pesquisa, que visa a testar a segurança e, sobretudo, a eficácia
do fármaco.
Somando-se
a isso, as vacinas, mesmo quando aprovadas pelos órgãos regulatórios de saúde,
não estarão disponíveis, imediatamente para a população, uma vez que vai ser
preciso montar uma gigantesca logística envolvendo insumos e profissionais para
imunizar a população de um país com dimensões continentais, como o nosso.
Independentemente
da terminologia empregada, segunda onda para uns e repique da primeira onda,
para outros, tem sido registrado, em todas as regiões, aumento significativo no
número de infectados e de internamento hospitalares, sobretudo em unidades de
terapias intensivas.
Essa
constatação é preocupante, face às desativações, tanto dos hospitais de
campanha, como dos esquemas de enfrentamento da virose, da maioria das
instituições hospitalares públicas e privadas. Portanto, como a maioria dos
hospitais já registra aumento, consistente, dos internamentos pelas patologias
habituais além da demanda reprimida de procedimentos cirúrgicos eletivos, uma
nova inundação trarão consequências desastrosas ao já nefasto cenário da
Covid-19, em nosso País.
A
aproximação do ano novo, traz a esperança de que as vacinas nos permitam voltar
ao “velho normal”, todavia, traz, também, o temor das aglomerações nas várias
comemorações que, certamente, acontecerão, apesar dos inúmeros alertas
desencorajadores das autoridades de saúde.
Finalizo,
ressaltando que, não infringir as regras básicas de segurança, constitui dever
de todos.
* Prof. Titular da UFS e Membro das Academias Sergipanas de Medicina, de Letras e de Educação.
Nenhum comentário:
Postar um comentário