José Lima Santana*
Um ano para esquecer, esse 2020, que
vai findando? Talvez sim, para muita gente. Todavia, um ano em que a humanidade
teve tudo para aprender e reaprender, embora com sofrimentos. Um ano de perdas.
Um ano em que a vida passou por terríveis sobressaltos. Uma pandemia é algo
grave a considerar em qualquer tempo e lugar.
A pandemia vivida em 2020 se alastrou
por todo o mundo. Parecia que tínhamos voltado à Idade Média com suas pestes.
Ou ao início do século XX com a influenza. Agora, um vírus de altíssima letalidade
e de uma profunda ligeireza na propagação. Um vírus “chinês”. Houve quem
suspeitasse que o novo corona-vírus fora criado em laboratório, para a China
dominar a economia mundial. Delírio. Dominar a economia mundial...
A pandemia não foi tratada como deveria
ser em certos lugares. No Brasil, não foi. Deu-se uma “luta” tremenda e
vergonhosa, politicamente, com diversos agentes públicos de olhos postos nas
eleições de 2022. Insanos. Medíocres. Pensaram em si próprios e não no povo,
que os elegeu.
Caso o SUS – Sistema Único de Saúde
–, na sua tripla composição, tivesse ficado com a gestão da pandemia, não
teríamos assistido aos desmantelos que vimos e ainda estamos vendo na condução
de tudo que diz respeito às diretrizes, metas e ações para combatê-la. Em suma,
seria possível que, hoje, estivéssemos contabilizando um número muito menor de
mortes e de contaminações. Mas, alguns agentes públicos preferem o confronto e
as fanfarronices. As bestialidades. A insensatez.
Até no momento em que o mundo está
prestes a encontrar um refrigério, através da aplicação de vacinas contra a
covid-19, por aqui as querelas políticas continuam. O senhor do Planalto contra
senhores da Planície. Políticos insensatos contra cientistas responsáveis.
Os políticos insensatos ainda gozam
do apoio de técnicos e, talvez, de “cientistas” politizados, ideólogos de teses
jamais comprovadas cientificamente. Uma pena que “cientistas” se prestem para
tanto. Aliás, não é de estranhar. Afinal, em outros momentos gravíssimos da
vida humana isso também ocorreu. Como esquecer os “cientistas” que deram
guarida aos terríveis experimentos nazistas, por exemplo?
Aí vem o Natal. Um Natal destroçado
em face do que antes eram as comemorações natalinas, ruidosas, aglomeradas, as
famílias reunidas sem medo, muitas vezes sem terem nada a ver com o sentido
religioso da celebração, já que se trata de comemorar o Nascimento do Menino
Jesus, como aludem os cristãos à vinda ao mundo do Emanuel, o Deus conosco, o
Messias, Salvador de todos os homens. Todavia, uma festa sem par pelo mundo
afora, onde quer que se encontrem cristãos.
Festa do amor, da reconciliação, da
paz, da fé, da esperança, da misericórdia. Para alguns, assim é o Natal. Para
outros, mera festa de cunho comercial, de comes e bebes, e nada mais. Um feriado.
Que Natal é este? Ou que Natal será
este de 2020? Um arremedo de Natal? Se pensarmos em festa, é possível que sim,
um arremedo. Porém, poderíamos pensar além da festa tradicional. Se o Natal é
uma festa cristã, instituída para esmagar uma festa pagã romana, dedicada ao
deus Saturno, que ganhou corpo e se espalhou por todo o mundo, não custa
pensarmos com maior profundidade.
Embora para certas pessoas, possa
soar de forma piegas, está mais do que na hora de o Natal ser pensado como o
momento de reverenciar Jesus Cristo, já que se trata do seu Nascimento, embora,
claro, numa data fictícia, mas que não tira o brilho e o mérito da dedicação
que a Ele se faz.
Pensar em Jesus não olhando para a
imagem d’Ele nos crucifixos, nas telas ou nas esculturas que o representam.
Olhar para o Jesus que vive nas faces de todos os homens e mulheres,
especialmente de quem nem sempre – ou nunca – pôde ou pode celebrar e
compreender o significado do Natal. Ou sequer o pôde ou pode vivê-lo como é
comum, ou seja, sob os arroubos do materialismo mercantilista, cuja figura
representativa jamais foi, nem é, o Cristo, mas, sim, o Papai Noel. Nada contra
o “bom velhinho”, em cuja ação muitas crianças ainda acreditam. E nisso não há
mal algum.
Que Natal nós teremos, no geral? Um Natal
de ansiedade pela chegada das vacinas, venham de onde vierem? Também poderá ser
assim. De qualquer forma, será um Natal muito diferente. Nos memes difundidos
nas redes sociais, até os perus estão dançando, alegres, porque serão muito
menos consumidos. Será?
Não sei como será o Natal dos
leitores. Não sei como cada um haverá de celebrar este Natal. No mínimo, o que
se espera é que os cuidados contra a pandemia não sejam afrouxados, embora
muita gente já os afrouxou, insensivelmente, até porque alguns agentes
públicos, nos quais muitas pessoas se inspiram, ideológica e miticamente, não
se dignam a dar o exemplo. Vão na contracorrente, arrastando os seus adeptos
fanáticos e, igualmente, insensíveis.
Que se possa celebrar o Natal, mas,
com todas as cautelas sanitárias necessárias. Que seja este o Natal da
esperança. Que seja o Natal de repensar o modo de vida de cada pessoa.
Enfim, haja o que houver, celebre-se
seja lá como for, daqui vão os meus votos de FELIZ NATAL!
Que JESUS seja recebido em cada
coração, transformado em nova e aconchegante manjedoura. Mas, que cada pessoa
possa ver no outro a face do ANIVERSARIANTE.
*Padre, advogado, professor
do Departamento de Direito da Universidade Federal de Sergipe, membro da
Academia Sergipana de Letras, Academia Sergipana de Letras Jurídicas, Academia
Dorense de Letras, Academia Sergipana de Letras Jurídicas, Academia Sergipana
de Educação e do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe.
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