José
Fernandes de Lima*
A
sociedade brasileira tem cobrado a ampliação de investimentos para melhoria da
educação, notadamente nas etapas do Ensino Fundamental e Ensino Médio. É comum
ouvirmos dizer que as escolas necessitam motivar os estudantes e oferecer
aprendizagens que sejam significativas para os mesmos. Alguns analistas sugerem
que imitemos determinados países ou importemos suas tecnologias educacionais.
Eu
me incluo no grupo daqueles que não acreditam nesse tipo de solução e que preferem
apostar na capacidade de invenção e criatividade das escolas brasileiras. O
acontecimento registrado nesse fim de semana em Sergipe é um atestado de que há
professores e estudantes desenvolvendo atividades de pesquisa e ensino/aprendizagem
de alto valor, que necessitam ser levadas ao conhecimento da população
sergipana para que esta consiga enxergar as coisas boas que são produzidas no
estado.
Na
última sexta feira, 5 de março, aconteceu a premiação da CIENART VIRTUAL (https://cienart-virtual.academico.ufs.br).
A Feira Cientifica de Sergipe – CIENART ocorre anualmente, no mês de outubro,
junto com as comemorações da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia. É uma
feira de ciências promovida em parceria pela Associação Sergipana de Ciência
(ASCi), Universidade Federal de Sergipe (UFS), com o apoio do CNPq, da
FAPITEC/SE e da SEDUC.
O
evento consiste na apresentação de trabalhos de pesquisa que são desenvolvidos
durante o ano por estudantes da educação básica das redes pública e privada,
sob a orientação dos professores cadastrados. No correr do ano, a CIENART
oferece oficinas e cursos, ministrados por especialistas das diversas áreas do
conhecimento, que visam orientar a organização e a apresentação dos trabalhos.
Além disso, publica os melhores trabalhos na Revista Feira de Ciências e
Cultura.
No
ano passado, as reuniões presenciais foram proibidas por causa da pandemia da
COVID 19 e a CIENART não pode ser realizada na forma tradicional. Por isso, os
organizadores decidiram transformar o evento numa reunião virtual, que só foi realizada
agora de 28 de fevereiro a 6 de março.
Tendo
em vista que a realização de um evento desse tipo na forma virtual é ainda mais
difícil do que no modo presencial, podemos afirmar que a realização desse evento
é uma demonstração de capacidade, de resistência e de criatividade dos cientistas,
professores e estudantes do nosso estado. O que era para ser uma reunião presencial
foi transformada em reunião virtual, sem perder a qualidade.
A
CINEART VIRTUAL contou com 61 trabalhos de diversas áreas de conhecimento,
provenientes de escolas de todas as regiões do estado. Tivemos trabalhos que
trataram de preservação ambiental, de ensino de matemática, da construção de
laboratórios, de literatura e de teatro. São trabalhos teóricos e experimentais
que podem, inclusive, gerar patentes.
Essa
diversidade pode ser atestada pela análise dos três primeiros lugares da categoria
Ciência e Tecnologia, quando verificamos que o ganhador do terceiro lugar Físico
e Educador foi o projeto - RIACHO DAS LAGES: ENTRE O MISTICISMO E A CIÊNCIA,
realizado pelo Colégio Estadual Monsenhor Olímpio Campos, do município de
Itabaianinha. O segundo lugar foi obtido pelo projeto – PRODUÇÃO DE PAPEL ARTESANAL
A PARTIR DE FIBRA DE BANANEIRA, apresentado pelo Colégio estadual Leandro
Maciel, do município de Rosário do Catete. E o primeiro lugar foi obtido pelo
projeto – POTENCIAL DE APLICAÇÃO DO BIOGÁS PARA CONVERSÃO DE ENERGIA DE
COZIMENTO, realizado pelo Centro de Excelência Hamilton Alves Rocha, do
município de São Cristóvão.
Fiquei
muito bem impressionado com a qualidade dos projetos apresentados e com a
desenvoltura dos estudantes apresentadores. Vendo aquelas apresentações, fiquei
esperançoso a respeito do futuro científico do nosso estado.
Cada
um daqueles projetos é uma semente para o desenvolvimento de futuros grupos de
pesquisa e uma contribuição da ciência para melhoria da educação básica no
nosso país. Vale a pena apostar na capacidade e no entusiasmo desses estudantes
e professores.
*Físico, professor, doutor em Física, foi reitor da Universidade Federal de Sergipe, secretário de Estado da Educação de Sergipe e presidente do Conselho Nacional de Educação. É membro da Academia Sergipana de Educação.
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