Antônio
Carlos Sobral Sousa*
Todo
pescador, mesmo os amadores, sabem que as marés de março são as maiores. Esse
fenômeno natural ocorre mediante a coincidência de uma maré de sizígia (conhecida
popularmente como maré de
lua cheia ou nova), associada à posição solar. Portanto, são as maiores do ano devido à passagem do sol
pelo plano do equador terrestre.
Curiosamente,
no mês de março passado, praticamente todas as cidades brasileiras foram
inundadas pela 2ª onda da Covid-19, afogando, literalmente, os sistemas de
saúde, inclusive os da rede privada. Esta onda, de proporções maiores do que a
1ª, tem levado os profissionais de saúde à exaustão e obrigado os hospitais a
se reinventarem na criação de novos leitos, sobretudo, os de terapia intensiva,
com toda a sua complexidade.
No
transcorrer da Pandemia, passamos a nos acostumar com os números da sua
impressionante estatística. Os principais veículos de comunicação passaram a
noticiar, sistematicamente, o número de infectados, o percentual de ocupação
dos leitos de enfermaria e de UTI, tanto da rede pública, como da rede privada,
bem como o crescente número de mortes, contabilizados no pedágio dessa
impiedosa virose.
No
início, tudo parecia muito distante, tínhamos o medo natural das pessoas
sensatas, todavia, se imaginava que a “Peste” iria desaparecer antes de nos
ameaçar de fato. Todavia, sorrateiramente, passamos a ter conhecimento de
pessoas próximas, que foram acometidas pela doença, cuja evolução pode ser
comparada à uma loteria.
No
estágio atual da evolução da doença, com variantes mais contagiosas e,
seguramente, mais agressivas, o cenário mudou completamente, tornando difícil
encontrar alguém que não teve um parente ou um amigo, ceifado pelo Sars-Cov-2. Passamos, portanto, a citar
nomes: Raimundo, Manoel, Ana, Emanuel, Glória, Conceição etc.
A
presença, novamente, de um médico no comando do Ministério da Saúde, renova a
esperança de dias melhores para o nosso país, que ultrapassou, recentemente, a
triste barreira das 300 mil mortes pela doença, colocando o Brasil na
desagradável situação de contribuir com, aproximadamente, 11% do total mundial
de óbitos pela Covid-19, a despeito de possuir, apenas, 2,7% da população
global.
Espera-se,
portanto, um programa de vacinação mais amplo e mais célere e maior seriedade
na execução das medidas comprovadamente protetoras de uso de máscara,
higienização das mãos, distanciamento social e evitar aglomerações.
* Professor Titular da UFS e Membro das Academias Sergipanas de Medicina, de Letras e de Educação.
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