Antônio
Carlos Sobral Sousa*
A
vacinação em larga escala constitui a esperança da humanidade para impedir a
circulação de um agente com o grau de transmissibilidade e virulência como SARS-Cov-2, causador da aterrorizante
Pandemia da Covid-19.
A
capacidade protetora das vacinas tem resistido ao tempo. Segundo a OMS,
anualmente, mais de três milhões de indivíduos são salvos, no planeta, graças
às imunizações contra a influenza, a difteria, o tétano, a caxumba e o sarampo.
Após um esforço hercúleo de vários laboratórios, alguns em parcerias entre si
ou com conceituadas Universidades, aliados a uma aplicação de recursos
financeiros sem precedentes na história da Medicina, passamos a dispor, em
tempo recorde, de vacinas eficazes, contra o novo coronavírus.
No
Brasil, até o momento, apenas três vacinas já estão sendo utilizadas, a CoronaVac
(Sinovac/Butantan), a Covishield (Serum Institute of
Índia/AstraZeneca/Oxford/Fiocruz) e a da Pfizer/BioNTech. As
três já comprovaram eficácia, em estudos clínicos randomizados, duplo-cegos,
multicêntricos e placebo controlados, como se deve proceder, na demonstração
científica de um conceito.
Além
disso, estudos pragmáticos de efetividade, aqueles que avaliam o desempenho de
uma determinada medicação no mundo real, fora do controle do laboratório,
também avalizam a utilização destas vacinas. Recentemente, foram divulgados os
resultados de um estudo que testou a efetividade da Coronavac em 67 mil
profissionais de saúde da cidade de Manaus, onde predomina a circulação da
variante P1 do SARS-Cov-2, conhecida como
cepa brasileira; a taxa foi de 50% na prevenção de doença sintomática,
semelhante à encontrada no estudo de eficácia, demonstrando, portanto, a sua
utilidade clínica.
O
Programa Nacional de Imunizações brasileiro é, reconhecidamente, um dos mais
eficientes do mundo, graças à capilaridade proporcionada pelo SUS. Todavia, no
contexto da atual pandemia, ele ainda não deslanchou, provavelmente, por não se
dispor de doses suficientes de vacinas para atender a nossa grande demanda.
Não
bastasse este infortúnio, um número significativo de brasileiros ainda hesita
em receber os imunizantes, quer seja por influência de negacionistas, quer seja
por receio de eventuais efeitos colaterais. Vale ressaltar que algumas pessoas
podem apresentar efeitos colaterais leves e transitórios, como dor no local da
injeção, mialgia, cefaleia e até febre, não significando, necessariamente, que
o vacinado contraiu a doença e nem que vai transmiti-la.
Tem
sido registrado, também, que um número significativo de cidadãos, tem deixado de
receber a segunda dose da vacina, tanto por falta do produto, como por vontade
própria, não ficando, portanto, adequadamente imunizados.
Finalizo,
enfatizando que as vacinas disponíveis já passaram pelos crivos de eficácia e
de segurança, portanto devem ser utilizadas. Parafraseando o filósofo grego
Epicteto, “só a educação e a Ciência libertam”.
* Professor Titular da UFS e Membro das Academias Sergipanas de Medicina, de Letras e de Educação.
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