Antônio
Carlos Sobral Sousa*
As
infecções respiratórias (IR) como a influenza e a Covid-19 estão classificadas
entre as 10 principais causas de morte, em vários países. Essas viroses são
transmitidas com facilidade pessoa a pessoa, quando um indivíduo infectado
espirra ou tosse, espalhando gotículas que carregam os agentes infecciosos por
uma distância apreciável. Vale salientar que as vacinas constituem a principal
medida comunitária de prevenção e têm se mostrado seguras, de acordo com vários
estudos bem conduzidos.
Todavia,
alguns hábitos que são rotineiramente utilizados em países orientais como o
Japão, a Coreia do Sul e a China, essenciais como primeira medida para o
controle da disseminação de patógenos, necessitam, também, fazer parte do nosso
cotidiano. Tais costumes, notadamente a etiqueta da tosse, o uso de máscara e a
higiene das mãos, praticados por pessoas doentes, merecem destaque tanto na
pandemia vigente como na prevenção de outras IR como a influenza, a coqueluche,
o resfriado comum e a tuberculose, dentre outras.
Apesar
da abundância de evidências da relevância dessas condutas, observa-se que a sua
adesão ainda é baixa na população. Merece atenção especial os profissionais de
saúde, tanto pelo exemplo que podem passar, como pela exposição a pacientes com
outras comorbidades.
O
alto índice de cobertura vacinal, com reflexos em melhorias no cenário
epidemiológico, permitiu a retirada progressiva da obrigatoriedade do uso de
máscara em ambientes fechados, no transporte público e, mais recentemente, em
aviões e aeroportos. Porém, se um indivíduo apresentar manifestações de
sintomas respiratórios o ideal é não sair de casa e se isso for necessário, que
o faça usando uma máscara que cubra, adequadamente, o nariz e a boca, porque
este item de proteção facial é uma barreira física que reduz as chances de
disseminação do vírus, sobretudo em ambientes fechados.
Espirrar
e tossir na dobra do cotovelo ou em um lenço de papel que possa ser
convenientemente descartado, também faz parte do kit de higiene que deve ser
observado por aqueles com IR. Uma tosse ou um espirro descoberto pode enviar
gotículas infectadas até dois metros de distância, permanecendo no ar por
várias horas. Curiosamente, se observa que algumas pessoas doentes retiram a
máscara justamente na hora de tossir ou de espirrar e o fazem sem cerimônia, no
ar ou nas mãos, sem obedecer, portanto, as medidas de segurança acima
mencionadas.
Finalmente,
a lavagem regular das mãos com água e sabão ou com desinfetante à base de
álcool, previne uma ampla gama de doenças causadas tanto por vírus, como por
bactérias. Vale ressaltar que o tempo mínimo ideal para a higienização completa
das mãos é de pelo menos 20 segundos. O ritual deve incluir a palma e o dorso
das mãos e os espaços entre os dedos, além das unhas e a região dos pulsos.
A etiqueta
respiratória é composta por medidas simples, eficientes e acessíveis a todos
que encontram, infelizmente, uma série de barreiras para a sua implementação
sobretudo pela complexidade, abundância, inconsistência e contradições da
informação, a inadequação dos meios de comunicação e as crenças, comportamentos
e conhecimentos da população sobre o assunto. Finalizo
citando o nacionalista indiano Mahatma Gandhi: “A força não provém da
capacidade física. Provém de uma vontade indomável”.
* Professor Titular da Universidade Federal de Sergipe e membro das Academias Sergipanas de Medicina, de Letras e de Educação.
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