Antônio Carlos Sobral Sousa*
No
período principal de pico da doença, o isolamento para os enfermos e a
quarentena para os possivelmente contaminados, não foi fácil e, mesmo no estado
atual de acalmia da doença, continua difícil para muitos. O ambiente tóxico,
promovido pela pandemia, gerou apreensão, prejuízos e perdas, sobretudo para as
classes sociais menos favorecidas. No entanto, esses tempos difíceis também constituem
oportunidade de aprendizado com lições duramente impostas pelo “professor”
SARS-Cov-2. Esses ensinamentos devem ocorrer, tanto do ponto de vista pessoal,
como do coletivo, visando, particularmente, a saúde do paciente.
Como
principais lições individuais, capazes de impactarem, significativamente, na
vida profissional, elencaria: a) Estar preparado para as mudanças – já pregava
o icônico biólogo e naturalista inglês, Charles Darwin, sobre a evolução das
espécies: “os seres vivos que vão resistir, não serão os mais inteligentes nem
os mais fortes e sim aqueles que se mais se adaptarem ao ambiente”. É preciso
sair da zona de conforto e acompanhar as mudanças que ocorrem, freneticamente,
no mundo, sobretudo quanto à carreira profissional, sendo necessário, às vezes,
mudar de rumo para atender às necessidades que vão se descortinando. É
importante, também, cuidar bem das finanças, mediante um adequado planejamento;
b) Valorizar o trabalho em equipe – embora a automação seja cada vez mais
frequente no nosso dia a dia, a tecnologia não consegue substituir tudo. A
pandemia revelou a relevância do trabalho em equipe e da participação da coletividade.
A grande rede de solidariedade que se formou, possibilitou que muita gente
resistisse a esse flagelo. A cooperação mútua também favorece o crescimento dos
negócios, já que uma boa rede de contatos gera oportunidades, permitindo a
exploração dos potenciais de cada um; c) Esforçar-se para se diferenciar,
mediante qualificação – a crise econômica escancarada pela pandemia, aumentou a
competição por empregos, já que muitos aposentados, retornaram para o mercado
de trabalho. Portanto, ter um currículo tecnicamente qualificado, não somente
com graduação, mas, também com pós-graduação, pode fazer a diferença nessa
disputa; d) Gerenciar bem o tempo – segundo um provérbio chinês, há três coisas
que não voltam atrás: “a flecha lançada, a palavra pronunciada e a oportunidade
perdida”. O tempo é um bem que, uma vez perdido, também não volta atrás. É
preciso deixar claro que a distração é um processo salutar e funciona como um
mecanismo cientificamente comprovado de “recarregar as baterias” para melhorar
o desempenho tanto físico, como psíquico, do ser humano. Já a procrastinação,
por outro lado, pode propiciar até a perda de oportunidade, que, conforme dito
acima, não volta. O adequado gerenciamento do tempo, pode ser o diferencial
para se chegar mais longe. Na esteira dessa interlocução, vale citar o poema do
poeta gaúcho de Alegrete, Mário de Miranda Quintana, O Tempo:
A
vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são seis horas!
Quando se vê, já é sexta-feira!
Quando se vê, já é natal...
Quando se vê, já terminou o ano...
Quando se vê perdemos o amor da nossa
vida.
Quando se vê passaram 50 anos!
Agora é tarde demais para ser reprovado...
Se me fosse dado um dia, outra
oportunidade, eu nem olhava o relógio.
Seguiria sempre em frente e iria jogando
pelo caminho a casca dourada
e inútil das horas...
Seguraria o amor que está a minha frente e
diria que eu o amo...
E tem mais: não deixe de fazer algo de que
gosta devido à falta de
tempo.
Não deixe de ter pessoas ao seu lado por
puro medo de ser feliz.
A única falta que terá será a desse tempo
que, infelizmente, nunca mais
voltará.
e) Ter autonomia e independência – a
importância de ser independente deve ser reconhecida, ainda que a pandemia da
Covid-19 tenha favorecido o trabalho em equipe, uma vez que só se pode usufruir
da liberdade em sua plenitude, com autonomia.
Finalizo, citando o físico alemão,
Albert Einstein: “No meio da confusão, encontre a
simplicidade. A partir da discórdia, encontre a harmonia. No meio da
dificuldade reside a oportunidade”.
* Professor Titular da Universidade Federal de Sergipe e membro das Academias Sergipanas de Medicina, de Letras e de Educação.
Nenhum comentário:
Postar um comentário