domingo, 23 de abril de 2023

ETIQUETA RESPIRATÓRIA


  

 

Antônio Carlos Sobral Sousa*

 

 

As infecções respiratórias (IR) como a influenza e a Covid-19 estão classificadas entre as 10 principais causas de morte, em vários países. Essas viroses são transmitidas com facilidade pessoa a pessoa, quando um indivíduo infectado espirra ou tosse, espalhando gotículas que carregam os agentes infecciosos por uma distância apreciável. Vale salientar que as vacinas constituem a principal medida comunitária de prevenção e têm se mostrado seguras, de acordo com vários estudos bem conduzidos.

Todavia, alguns hábitos que são rotineiramente utilizados em países orientais como o Japão, a Coreia do Sul e a China, essenciais como primeira medida para o controle da disseminação de patógenos, necessitam, também, fazer parte do nosso cotidiano. Tais costumes, notadamente a etiqueta da tosse, o uso de máscara e a higiene das mãos, praticados por pessoas doentes, merecem destaque tanto na pandemia vigente como na prevenção de outras IR como a influenza, a coqueluche, o resfriado comum e a tuberculose, dentre outras.

Apesar da abundância de evidências da relevância dessas condutas, observa-se que a sua adesão ainda é baixa na população. Merece atenção especial os profissionais de saúde, tanto pelo exemplo que podem passar, como pela exposição a pacientes com outras comorbidades.

O alto índice de cobertura vacinal, com reflexos em melhorias no cenário epidemiológico, permitiu a retirada progressiva da obrigatoriedade do uso de máscara em ambientes fechados, no transporte público e, mais recentemente, em aviões e aeroportos. Porém, se um indivíduo apresentar manifestações de sintomas respiratórios o ideal é não sair de casa e se isso for necessário, que o faça usando uma máscara que cubra, adequadamente, o nariz e a boca, porque este item de proteção facial é uma barreira física que reduz as chances de disseminação do vírus, sobretudo em ambientes fechados.

Espirrar e tossir na dobra do cotovelo ou em um lenço de papel que possa ser convenientemente descartado, também faz parte do kit de higiene que deve ser observado por aqueles com IR. Uma tosse ou um espirro descoberto pode enviar gotículas infectadas até dois metros de distância, permanecendo no ar por várias horas. Curiosamente, se observa que algumas pessoas doentes retiram a máscara justamente na hora de tossir ou de espirrar e o fazem sem cerimônia, no ar ou nas mãos, sem obedecer, portanto, as medidas de segurança acima mencionadas.

Finalmente, a lavagem regular das mãos com água e sabão ou com desinfetante à base de álcool, previne uma ampla gama de doenças causadas tanto por vírus, como por bactérias. Vale ressaltar que o tempo mínimo ideal para a higienização completa das mãos é de pelo menos 20 segundos. O ritual deve incluir a palma e o dorso das mãos e os espaços entre os dedos, além das unhas e a região dos pulsos.

A etiqueta respiratória é composta por medidas simples, eficientes e acessíveis a todos que encontram, infelizmente, uma série de barreiras para a sua implementação sobretudo pela complexidade, abundância, inconsistência e contradições da informação, a inadequação dos meios de comunicação e as crenças, comportamentos e conhecimentos da população sobre o assunto. Finalizo citando o nacionalista indiano Mahatma Gandhi: “A força não provém da capacidade física. Provém de uma vontade indomável”.

 

 

* Professor Titular da Universidade Federal de Sergipe e membro das Academias Sergipanas de Medicina, de Letras e de Educação.

UMA POLÊMICA CHAMADA DESO


  

 

José Lima Santana*

 

 

Nas últimas semanas, a Companhia de Saneamento de Sergipe – DESO vem sendo palco de polêmicas na imprensa e nas redes sociais. Primeiramente, sempre houve quem fosse a favor das privatizações ou contra elas. A Emenda 19, de 1998, à Constituição Federal, trouxe de forma incisiva o chamado neoliberalismo para dentro da administração pública. E começou o “desmanche” de parte da administração pública indireta, notadamente em torno das instituições de direito privado, quais sejam as sociedades de economia mista e as empresas públicas federais e estaduais. Que o diga o setor bancário estatal a cargo dos Estados. Poucos Bancos estaduais resistiram ao desmanche. Muitas outras empresas federais e estaduais viriam a ser privatizadas, ao longo das três últimas décadas.

Mas, vamos à DESO. Ao longo dos últimos anos, alguns governadores têm cutucado a DESO ou silenciado acerca dos seus múltiplos problemas. Há problemas? Não se pode negar. Afinal, é a administração pública indireta que está em jogo. Nem todo mundo, de governantes a dirigentes, está capacitado para, sequer, discutir a DESO, muito menos, para a compreender, e, muito menos ainda, para resolver os seus problemas. Falar, porém, todo mundo fala. Até mesmo sem saber direito o que está falando.

A DESO tem problemas? Repito a indagação e a resposta. Tem, sim. E muitos. Quem os haverá de resolver? Bravatas de governadores? Não. Terceirizações, sob qualquer forma, como PPPs, concessões etc.? Não. Somente uma política pública consentânea, bem planejada e, mais ainda, bem executada poderá atender aos reclamos da população usuária, terceirizando-se ou não. Por vezes, terceirizar é ver-se longe dos problemas. Ou, quem sabe, bem mais perto deles. Portanto, todo cuidado é pouco.

Pela primeira vez, a água jorrou nas torneiras de Aracaju, no dia 1º de novembro de 1909, através de uma empresa particular. Três anos, depois, em 1912, diante das deficiências na prestação do serviço, o governo do Estado houve por bem de adquirir a Empresa de Melhoramentos de Sergipe. Em 1914, sob o governo de José de Siqueira Menezes, inaugurou-se o primeiro sistema de esgotos de Aracaju.

Em 4 de dezembro de 1915 foi criada a Inspetoria de Águas, Esgotos e Horto Botânico. Mas, ainda no ano anterior, a Lei nº 700, de 16 de novembro, no seu art. 4º, autorizava o governo do Estado a “alienar os serviços de abastecimento d’água, luz, esgoto e drenagem, mediante proposta em concorrência pública”. Ou seja, o desejo de livrar-se dos serviços estatais em Sergipe vem de longe.

Em 23 de fevereiro de 1923, o governo do Estado contratou o Escritório de Saturnino de Britto “reputada autoridade mundial em engenharia sanitária” para a remodelação dos serviços de abastecimento de água. Em 15 de outubro de 1926, o Estado celebrou com a firma de Francino de Andrade Mello contrato para o arrendamento dos serviços de água e esgoto de Aracaju. A prestação dos serviços voltou para as mãos do mesmo empresário que vendeu sua empresa ao Estado em 1912. Um absurdo!

A empresa arrendatária de 1926 seria sucedida pela empresa Andrade, Leite & Cia., composta, majoritariamente, por Francino Mello e Júlio César Leite. A nova empresa, em relatório, afirmou que “era lastimável o estado dos serviços de água na cidade quando a Empresa os recebeu”. Essa nova empresa mudaria a razão social para Empresa Melhoramentos da Cidade de Aracaju, em 21 de fevereiro de 1930.

Logo depois, o Banco do Brasil passou a ser o proprietário de todas as ações da empresa arrendatária, posto que adquirira as apólices emitidas por força da Lei nº 941/1926, para remodelar os serviços de água e esgoto. No governo de Maynard Gomes, o Estado pagaria ao Banco do Brasil o valor de 3 mil contos de réis para recuperar os serviços. A privatização dos serviços, mais uma vez, não prosperou.

Em 1947, os serviços passaram a chamar-se Serviços de Água e Esgoto de Aracaju – SAEA. Naquele ano, os serviços foram passados para o gerenciamento terceirizado do Escritório Saturnino de Britto e assim permaneceram até 1958, quando o governador Leandro Maciel os trouxera de volta à gestão estadual.

Em 28 de novembro de 1961, no governo de Luiz Garcia, foi criado o Departamento de Saneamento e Obras Contra as Secas – DESO. Em 13 de agosto de 1963, no governo de Celso de Carvalho, foi criado o Departamento de Saneamento do Estado de Sergipe, mantendo-se a sigla DESO. Em 25 de agosto de 1969, enfim, foi criada a Companhia de Saneamento de Sergipe, pelo governador Lourival Baptista, mais uma vez mantendo-se a sigla DESO.

Em julho de 1989, edição dos dias 23/24, o Jornal de Sergipe publicou uma nota, na qual se lia: “A Companhia de Saneamento de Sergipe – DESO está incluída entre as Empresas que o Governo do Estado pretende privatizar”. Não privatizou. Não havia clima para isso. E agora, há clima? Se depender do atual governador, pelo que o mesmo tem se pronunciado na imprensa, sim. Aguarde-se, pois.

 

 

*Padre, advogado, professor do Departamento de Direito da Universidade Federal de Sergipe, doutor em Educação, membro da Academia Sergipana de Letras, da Academia Sergipana de Letras Jurídicas, da Academia Sergipana de Educação e do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe.

domingo, 16 de abril de 2023

A INIMAGINÁVEL MARCA


  

 

Antônio Carlos Sobral Sousa*

 

 

Quando a Covid-19 surgiu, na longínqua cidade de Wuhan, capital da província de Hubei, na China Central, muitos acreditavam que ela teria o mesmo fim das epidemias causadas por outros agentes da família “Coronavírus”, a SARS (2003) e a MERS (2012), ou seja, que seria facilmente controlada e, portanto, não atravessaria o Atlântico.

Mesmo quando começou a pipocar o crescente número de contaminados e de mortes Brasil afora, provavelmente poucos seriam capazes de prever que, um dia uma população maior do que a da atual capital de Sergipe, Aracaju, iria sucumbir por obra da malquista peste.

Todavia, na última semana de abril, precisamente no dia 28, o Brasil atingiu a triste marca de 700.000 mortes causadas pelo impiedoso SARS-Cov-2. Curiosamente, este inimaginável acontecimento causou menos alarde do que quando foi ultrapassada a barreira das 100.000 vítimas, em 8 de agosto de 2020.

Já se passaram três anos da decretação da pandemia da Covid-19 e o ardiloso SARS-Cov-2 continua a circular entre nós, com “roupagem” diferente da cepa original, atualmente caracterizada pela variante Ômicron. Apesar dessa constatação, a queda progressiva do número de casos e de mortes causados pela virose, protagonizada pelas vacinas, e aliada ao cansaço da população às medidas preventivas, tem provocado um relaxamento natural e a sensação de que conseguimos voltar a uma vida próximo do normal.

As vacinas, portanto, foram vítimas de seu próprio sucesso, já que a percepção de risco diminuiu e muita gente acredita que a pandemia é coisa do passado. A vacinação continua a ser o principal armamento no combate a essa crise sanitária que reluta em desaparecer e o Ministério da Saúde tem recomendado que todos os integrantes dos grupos prioritários (idosos com 60 anos ou mais, imunodeprimidos, indígenas, pessoas com deficiência permanente, dentre outros), recebam o reforço com a vacina bivalente contra o novo coronavírus, já que a mesma oferece proteção contra a cepa original do vírus e contra as variantes que surgiram posteriormente, incluindo a Ômicron.

O referido Órgão ressalta ainda que, para receber o imunizante, é preciso ter completado o esquema primário com as vacinas monovalentes e respeitar um prazo mínimo de quatro meses desde a última dose recebida. Merece enfatizar, também, que a segurança e a eficácia dos imunizantes monovalentes e bivalentes, na redução de casos graves e mortes pela virose, estão respaldadas por investigações sérias e metodologicamente bem conduzidas.

Vale ressaltar que, uma parcela significativa dos pacientes que sobrevivem à fase aguda da Covid-19 apresenta uma constelação de sintomas, sobretudo dispneia, fadiga, palpitação, dentre outros, que duram pelo menos dois meses, podendo ultrapassar um ano. Este quadro clínico é conhecido como Covid Longa, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), Condição Pós Covid-19 (CPC).

Foi recém publicada, no prestigiado periódico JAMA (DOI: 10.1001/jamainternmed.2023.0750), uma revisão sistemática e meta-análise que incluiu 41 artigos científicos e 860.783 pacientes, visando identificar fatores de risco ou preditores de CPC.

Os autores concluíram que aqueles do sexo feminino, idosos, obesos, tabagistas e os que apresentavam algumas comorbidades (asma, DPOC, diabetes, ansiedade / depressão e imunodepressão), eram significativamente mais propensos a desenvolver CPC. Por outro lado, os indivíduos que foram vacinados contra o SARS-Cov-2 com duas doses, tiveram proteção contra as sequelas da CPC.

Este último achado, está em consonância com o relatório do Escritório Nacional de Estatística do Reino Unido (DOI:10.1016/S1473-3099(21)00460-6), que encontraram um risco 42% menor de CPC após 2 doses de vacina contra Covid-19.

Finalizo citando o físico alemão, Albert Einstein: “Triste época. É mais fácil desintegrar um átomo do que um preconceito”.

 

 

* Professor Titular da Universidade Federal de Sergipe e membro das Academias Sergipanas de Medicina, de Letras e de Educação.

OCORRÊNCIAS NO INÍCIO DO CURSO DE DIREITO

 

 

José Lima Santana*

 

 

Na década de 1970, os estudantes universitários eram obrigados a cumprir dois períodos de Educação Física. No primeiro período, em março de 1977, como todo calouro, lá estava eu de calção azul e camiseta branca, para Educação Física I. Professor Pedro Jorge, muito jovem. Noutra turma, o professor Sérgio Giansanti.

Fomos fazer exercícios no matagal do atual Campus do Rosa Elze. Como chegar lá? Só quem tinha carro. A estrada era de terra. A ponte sobre o Rio Poxim era de madeira. Um colega, Rui Penalva, tinha carro. Peguei carona. Correr no matagal. Fazer uns poucos exercícios de alongamento num cimentado retangular, onde, agora, se situa a pista de alta resistência, construída na gestão do reitor Angelo Roberto Antoniolli. Ir para aquele matagal, era um sacrifício para todo mundo que não tinha carro.

Para a sorte de todos os calouros, na segunda semana, uma menina viu uma cobra. Escândalo! Nunca mais fomos para lá. Passamos a nos exercitar na Praça Camerino. De um lado, os meninos; do outro, onde se situa a sede do SEPUMA, as meninas. Às vezes, alguns meninos não conseguiam se concentrar. O professor Pedro Jorge fazia a turma correr, descendo a Barão de Maruim e seguindo pela antiga Beira Mar. Eu nunca fiz esse percurso. Quando a turma, com o professor à frente, entrava na Beira Mar, eu me sentava debaixo de um oitizeiro da Barão e ali ficava, aguardando a turma voltar. Correr? Não era comigo.

Um tormento, era a tal educação física. Ao menos, para mim. No segundo semestre, matriculei-me em Natação. As aulas eram dadas no complexo aquático do Batistão. Fiquei sabendo por um colega, que o professor, que eu nem sabia quem era, só aceitava alunos que soubessem nadar. Não era comigo. Nunca aprendi a nadar. Até que tentei, ou melhor, meu pai até que tentou me ensinar no açude de Dores. Bebi muita água, achei que ia morrer. Trauma. Água boa é a de chuveiro. Reprovei por faltas em Natação. No terceiro semestre, matriculei-me em Judô. No dia da primeira aula, lá fui eu de quimono debaixo do braço, para o prédio da Praça Camerino, onde funciona o Juizado Especial Federal. Lá encontrei o professor de Judô, um nissei, atarracado, de quimono encardido, dando pancada nos meninos. Voltei para a “república”, na mesma hora. Outra reprovação por faltas. O que seria de mim?

Quarto período. Agora, sim. Matriculei-me em Atletismo. Não fui um só dia às aulas. Mais uma reprovação por faltas. O que fazer? Decidi que só me matricularia no último período do curso de Direito, que, naquela época, era de quatro anos. Pouco tempo. Os semestres foram passando, e eu me preparando para deixar a Universidade. Teria que encarar a bendita educação física, no oitavo período. Surpresa! Eis que ocorreu uma reforma curricular. Quem tinha feito Educação Física I, ganhou a II. Livrei-me. Ufa!

Em 21 de março de 1978, menos de um ano como funcionário do TCE, eu apresentei ao Dr. Juarez Alves Costa, o meu pedido de exoneração. O presidente argumentou que eu deveria ficar, que tinha chances de crescer no Tribunal, mas, não fui demovido do meu intento de fazer o meu curso. Como recordação, os colegas da CCE deram-se um exemplar do Código Civil, autografado por todos eles. Eu já ensinava, desde março do ano pretérito, no Colégio Cenecista Regional “Francisco Porto”, onde fiz o meu curso ginasial, entre 1967 e 1970, na minha terra natal. Em junho, o professor Nicodemos Correia Falcão, superintendente estadual da CNEC, por indicação do professor Gisélio Gonçalves Lima, nomeou-me diretor do “Francisco Porto”, aos 23 anos de idade. Ali fiquei por 19 anos e 4 meses.

Em março de 1979, um colega de turma, Fabiano, ofereceu-me, para substitui-lo, as aulas de Educação Moral e Cívica e Religião, à tarde, no Colégio Salesiano. Eram cinco aulas de segunda a quinta-feira e quatro aulas na sexta-feira. Aceitei. Dois dos meus alunos, no Salé, foram o atual procurador da UFS, Paulo Celso e o empresário Emanuel Oliveira. Nesse tempo, eu era um dos coordenadores do TLC – Treinamento de Liderança Cristã, na Arquidiocese de Aracaju, responsável pela Pastoral da Juventude (de abril de 1976 a maio de 1982). O então Bispo Auxiliar de Aracaju, Dom Edvaldo Gonçalves Amaral, insistia para que eu fosse para o Seminário. Ele dizia que eu tinha vocação sacerdotal. Eu achava que não. O tempo, porém, diria que ele tinha razão.

No dia 9 de março de 1979, uma quarta-feira, meu pai morreu, aos 45 anos de idade. Morreu dormindo. Um golpe duríssimo para mim. Papai queria que fosse advogado e escritor. Mas, só me disse isso após a minha aprovação no vestibular. Ele faleceu um ano antes da minha formatura. Sem a presença dele, eu preferi não ter nenhuma fotografia da solenidade de colação de grau. Publiquei meu primeiro livro, de poemas, em 1989, dedicado a ele.

 

 

*Padre, advogado professor do  Departamento de Direito da Universidade Federal de Sergipe, doutor em Educação, membro da Academia Sergipana de Letras, da Academia Sergipana de Letras Jurídicas, da Academia Sergipana de Educação e do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe.

domingo, 2 de abril de 2023

DOIS TEXTOS E UM COMENTÁRIO IMPRECISO

 

 

 

José Lima Santana*

 

 

Os meus dois últimos artigos, publicados no Correio de Sergipe e republicados nos blogs Cliquesergipe e Primeira Mão, renderam alguns bons comentários em minha página do Facebook, e, inclusive, a exortação da professora aposentada do Departamento de Direito da UFS, Adélia Moreira Pessoa, diretora cultural da Academia Sergipana de Letras Jurídicas, no sentido de que possamos escrever textos sobre a Faculdade de Direito, hoje DDI, para publicação em livro. A essa exortação, muitos acadêmicos já aderiram.

Mas, eu soube por terceira via, que certa professora da UFS, de forma imprecisa, andou estrilando por aí, em diferentes ambientes, sob a alegação de que um desses textos era machista, misógino, porque eu só me referi a uma mulher. Afirmação ridícula. Bem. No primeiro texto, sobre as “repúblicas da UFS”, referi-me à assistente social, Dona Edurvalina, que teve um papel fundamental na organização do apoio aos estudantes que vinham do interior ou de outros Estados. Porém, nesse texto, eu disse o seguinte: “Muitos profissionais das mais diversas áreas moraram em ‘repúblicas’ da UFS, homens e mulheres”. Ora, a mim não compete falar sobre as “repúblicas” femininas. Eu falei da “minha república” e, pontualmente, de outra que eu frequentava. Que algumas das estudantes moradoras nas “repúblicas” femininas possam fazê-lo. Trarão uma grande contribuição.

O professor Luciano Mendonça trouxe-me a lembrança do colega de “república”, Zé Antônio, que eu esqueci de citar. Ele fazia Economia. Era natural de Jeremoabo. Advogando naquela cidade, em 1983 ou 1984, fui encontrá-lo como funcionário do Banco do Brasil. Zé Antônio adorava uma boa lorota. Grande companheiro.

O meu segundo texto, referiu-se ao curso de Direito da UFS, desde a sua fundação, como Faculdade de Direito de Sergipe. Ali, foi citado o nome da primeira mulher que se tornou professora do nosso curso, Juçara Fernandes Leal.

O procurador de Justiça, Dr. Ernesto Anísio Azevedo Melo, com quem trabalhei, em Nossa Senhora da Glória, na década de 1980, eu, como advogado, e ele, como promotor de Justiça, alertou-me para o fato de que o seu pai, Des. Luiz Pereira de Melo, também conhecido como professor Pereirinha, integrou a lista dos fundadores da Faculdade de Direito. Ernesto tem dados preciosos, que os deverei colher, oportunamente.

Na minha página do Facebook, os dois textos receberam 167 curtidas, 35 comentários e 9 compartilhamentos. Por conta do espaço, no Jornal, colhi, para ilustrar, apenas alguns desses comentários: Zé Garcia: “Hoje é só gratidão por tão bela trajetória, com todas as dificuldades enfrentadas. Nosso querido PAI nunca falha. Parabéns querido conterrâneo e amigo por ser portador da maior arma dos vencedores, a humildade”.

José Vieira: “Prezado professor José Lima Santana, como de regra, mais um bom texto de sua lavra. Em particular, ele me chama atenção pela proximidade da efeméride de mais uma data da fundação da UFS e pelo recorte escolhido da criação da Faculdade de Direito de Sergipe até sua incorporação a referida universidade. Os caminhos do curso de Direito em terras de Sergipe, seja na Faculdade ou na Universidade Federal, diz muito do universo jurídico, político e de poder em nossa sociedade. Bem verdade que ele, o Direito entre nós, assim como as demais áreas do conhecimento, ainda é um projeto em construção e em contínuo progresso. Oxalá continuemos no caminho da inclusão, diversidade e da justiça social. Nesse sentido, contribuições dessa monta e de sua preciosa lavra, são claros muito elucidativos e oportunos”.

Nicodemos Falcão: “Caro Zé, parabéns por mais um texto bem escrito, dessa vez, sobre o ensino de Direito e da nossa UFS. Quem sabe um dia escreverá sobre o Curso de Economia. Aqui estarei eu a aplaudir. Um abraço”.

Antônio Fraga: “Obrigado pelo texto, querido professor”.

Maria Nely dos Santos Ribeiro: “Maravilhosas notificações. Muitos tecidos necessitando de outros tecelões. E ainda dizem que a História não tem função. Como historiadora lhe agradeço e a memória preservada ainda mais”.

Eliana Souza: “Excelente, professor José Lima! Esta temática (que tenho muito apreço) encontrou eco em seu gosto pela História da Educação, este belo relato. Quiçá ganhe mais interesse. Precisamos saber sobre as repúblicas ou residências estudantis femininas e masculinas da UFS que abrigou inúmeros discentes e contribuiu na formação de diversos profissionais. Uma temática que carece a atenção de pesquisadores. Iniciativa louvável. Parabéns, professor”!

Luiz Eduardo Oliveira: “Que interessante relato, meu caríssimo professor, delicioso de ler, como os outros que você escreve”.

Adail Vilela de Almeida: “Caro professor José Lima Santana, morei na República da Rua Dom Bosco, depois do Salesiano. A propriedade era do professor, poeta e servidor do TRT, Wagner Ribeiro. Fui Tesoureiro. Escrevi um artigo a respeito, laureado nos Prêmios Universitários e publicado em um dos Cadernos de Cultura da UFS, entre 1986 e 1990. Talvez eu tenha sido um dos beneficiados de origem mais distante, pois vinha de Barreiras, Bahia, cidade além São Francisco, próxima a Brasília. Hoje sou do TRE-SE. Abraço”.

Jorge Fonseca: “A batalha foi árdua, mas graças a Deus o Sr. conseguiu seu objetivo”. Antônia Maria Menezes Oliveira: “Excelente texto. Estudei na Faculdade de Direito da rua da Frente. Fomos contemporâneos. Lembro também das repúblicas dos estudantes. Foram muito importantes. Parabéns pelo destaque, que tanto ajudou aos estudantes da UFS”.

Lídia Melo: “Parabéns Lima! Padre José Lima, infelizmente as pessoas esquecem de divulgar o que é bom. Boa iniciativa a sua, como sempre”.

Jane Vieira: “Que texto hein??!! Parabéns. Você é incomparável”.

Azevedo Campos: “Maravilhoso texto e relato”.

Vovó Bel: “Padre José Lima encanta e renova nossas memórias”!

Aprendi a respeitar as pessoas como elas são e como elas devem ser respeitadas, mas não posso aceitar o que não me cabe.

 

 

*Padre, advogado, professor do Departamento de Direito da Universidade Federal de Sergipe, doutor em Educação, membro da Academia Sergipana de Letras, da Academia Sergipana de Letras Jurídicas, da Academia Sergipana de Educação e do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe. 

BOTARAM SAL NO DOCE DO GOVERNADOR

PÓ DE SOVACO DE MORCEGO

      José Lima Santana*     Zé Calango esbravejou diante do prefeito: “O que é que você pensa, seu cabeça de vento? Que o povo é ...